sábado, 18 de abril de 2015

KPOP CONQUISTA A AMAZONIA


Grupos e cantores de Manaus fazem covers inspirados nos coreanos e ajudam divulgar a cultura oriental no Ocidente

Grupos são divididos em femininos e masculinos, mas parcerias também acontecem. Foto: Reprodução/2NE1 Brasil
MANAUS - 'K-pop', uma abreviação para 'música popular coreana', é uma mistura de ritmos, como música eletrônica, hip hop, rock, entre outros. A união com coreografias marcantes faz a cultura daCoreia do Sul se expandir pelo mundo e conquistar jovens e adultos do ocidente. Em Manaus, o k-pop começa a ganhar destaque, principalmente por meio da internet, com intérpretes amadores das canções orientais e grupos covers.
Um dos maiores sucessos, que atingiu diversos públicos por se tornar um viral nas redes sociais, foi o cantor Psy, com 'Gangnam Style', em 2012. Diversos flashmobs surgiram em função da dança inusitada criada pelo artista.
Em um meio tão disputado, bandas como BIG BANG, Girls Generation, 2NE1, Super Junior, NU'EST eSHINee são apenas algumas que também emplacaram grandes sucessos entre os jovens. 
Tenda K-pop no AJP
Na visão de um dos organizadores do maior evento de cultura japonesa do Amazonas, o Anime Jungle Party, Leonardo Tamietti, o k-pop atualmente é referência junto com o cosplay(fantasia) nos eventos de animê (desenhos animados japoneses) em todo o país. "Os maiores eventos do Brasil já dão ênfase no k-pop dentro dos eventos, e no AJP não foi diferente. Podemos dizer que o público empurrou essa super cultura coreana para os eventos de anime e cosplay. Podemos até dizer que foi um casamento perfeito", 
Atualmente, o evento proporciona uma tenda que possivelmente será um palco secundário para as eliminatórias do concurso de dança e as finais serão no palco principal, adiantou Tamietti. 
Organização: OMG K-pop
O estilo musical já ganhou mais de mil adeptos na cidade, de acordo com um dos coordenadores do grupo OMG K-pop Manaus, o estudante Idehugo Alves. "O OMG começou com a ideia de promover o k-pop na cidade. A proposta inicial era organizar encontros para os amigos que gostavam do estilo. O grupo começou na metade de 2013, com a organização da Tenda K-pop, um espaço pro estilo dentro do Anime Jungle Party", contou Alves. Ele e mais três amigos cuidam das redes sociais e eventos do grupo. 
Segundo o estudante, o início da organização para unir adeptos do ritmo foi difícil: "Exatamente por ser um evento de cultura japonesa e também pelo k-pop não ser tão popular na época. O que tínhamos de espaço no evento eram 20 minutos no palco principal. Com o tempo e o aumento do grupo em Manaus, ganhamos um espaço maior no evento, que hoje é a Tenda kpop, mas que na época tinha outra organização". Para atrair o público, foram criadas competições de dança. 
"Hoje o k-pop está bem popular. Vemos isso quando marcamos os encontros. Cada vez aparecia mais gente. No nosso primeiro encontro, bem antes do OMG, só apareceram quatro pessoas. E nos últimos encontros chegamos a mais ou menos 40 pessoas. No AJP, esse número é bem maior", lembrou. Gincanas, jogos de perguntas, minitorneios e outros eventos também são promovidos pelo grupo para os fãs se reunirem. 
Covers 
A engenheira de Controle e Automação Érica Kido Shimomoto afirmouque, apesar de não ser muito inserida no cenário k-pop local, este é um estilo de música com o qual se identifica bastante. "Adoro a combinação de canto e dança, as coreografias em grupo, sem contar que há muitos grupos de k-pop que não ficam presos ao ritmo e tentam outros estilos de música. Eu acho isso realmente genial", explicou. 
O primeiro grupo com o qual Érica teve contato foi o NU'EST. "Eu fiquei fascinada pela coreografia e botei na cabeça que ia aprender a dançar", lembrou ela, que até aprendeu coreano. A engenheira afirmou que se divertia com amigos durante o processo de aprender, gravar, postar na Internet e ver os comentários.
Com tempo, no entanto, cada um seguiu seu caminho. "Mas sempre que acho uma coreografia legal, eu estudo, aprendo e gravo. Acho divertido, bonito, é um excelente exercício e eu me desestresso fazendo isso. Mas como dançar é mais tenso que cantar, eu lanço muitos mais covers vocais. E agora que voltei a tocar violão, estou empolgada com essa história de gravar covers acústicos das músicas de k-pop", revelou.  Veja um covers dos favoritos de Érica:
A jovem também já conseguiu realizar alguns sonhos de fãs dos artistas coreanos: foi a alguns shows promovidos no Brasil e até já participou de um programa, por meio da internet, onde falava com os ídolos. "É muito bom falar com esses artistas. Muita gente acha que a gente só curte porque são bonitos e pronto, mas eu realmente admiro todos eles porque a vida de trainee (o que os artistas são antes de estrear) é muito difícil, e se eles estão lá em cima, no palco, é porque já 'suaram' muito. São pessoas muito talentosas e que me inspiram a querer treinar mais e mais. Quando eu consigo interagir com algum deles é literalmente conhecer um ídolo", contou. 
O estudante José Baptista é outro dos fãs da música coreana, mas que faz covers (reproduções) das coreografias. Apaixonado por dança, o jovem lembra que o primeiro grupo em Manaus, que continua até hoje e que influenciou a criação de novos grupos, foi o '2U2'. Ele participou da pimeira formação do grupo. "Os mais influentes hoje, na minha opinião, são 2U2, Phoenix, B.T.M. (Behind The Mask), UN1T, Gang-K e Only1G", afirmou. Veja uma apresentação do 2U2:
"Quando o movimento k-pop começou aqui, a gente só tinha 30 minutos no palco do AJP. Hoje temos um espaço só nosso, onde podemos nos reunir, dançar, ouvir músicas que gostamos. Além de que agora é organizado por quem realmente entende. Eu fico feliz com esse crescimento", resumiu.
"Manaus peca muito em lugares apropriados para dançarinos. Existem poucos mesmo, então os grupos de k-pop se reúnem na casa de alguém, e ensaiam lá ou em lugares não apropriados pra um treino assim. Acaba que o amor pela dança e pelo k-pop, ultrapassa essa barreira. Já é difícil para os grupos grandes, que não são de k-pop, imagina pra quem tem pouco reconhecimento", criticou.
Bastista também aproveita para fazer um comparativo: "Eu gosto de fazer um paralelo com o Nordeste. Lá o k-pop é muito difundido. Os prêmios nas competições são enormes e há um grande incentivo pra isso. Tanto que existem eventos, como o SANA K-pop, que são exclusivos pra isso".
Incentivo 
Para promover a cultura da Coréia do Sul na capital amazonense, em 2014, o consulado do país na cidade realizou um torneio de dança para os grupos. O primeiro lugar da competição ficou para o grupo Phoenix, que completou dois anos no último dia 29 de março. Segundo a estudante Rebeca Aliek, dançarina do quarteto, o cover foi criado por Flávia Araújo (ex-integrante).
As quatro meninas tornaram-se referência e, atualmente, são o grupo oficial do AJP no K-Pop. "Se realmente formos tudo isso, acredito que seja uma honra e uma grande responsabilidade. Uma oportunidade para que grupos que estejam começando e que saibam da nossa história não desistam no meio do caminho, que nos vejam como uma motivação e incentivo", afirmou. Os grupos que mais as inspiram são 4minute, Rania e EXID. 
Confira a apresentação de Phoenix no 'Concurso K-pop Manaus - União das Culturas' , organizado pela Associação Coreana do Amazonas (Acam):
Outro incentivo musical é uma festa criada pelo DJ Rodrigo Santos, a 'Fantastic Baby'. "Por ser DJ pop antes de realizador, sempre procurei por ritmos contagiantes para inserir nas festas. Conheci o k-pop com o grupo Big Bang, por isso o nome da festa é esse, porque é uma música deles", informou.
Curioso e pesquisador, o promoter buscou conhecer o cenário local e investiu na festa, que conquista a cada ano mais e mais adeptos. "Ninguém tocava esse ritmo aqui, então conversei com adolescentes, que são os que dominam o ritmo e tive que aprender tudo com eles, para não cometer nenhuma gafe como os termos que usam. Por exemplo, bias é a palavra usada para classificar qual o ídolo da pessoa dentro de determinado grupo", lembrou.
Para Santos, o k-pop é contagiante e informou que está conquistando o Ocidente por meio de parcerias entre cantores famosos. "Na festa, sempre abro com as mais lentas e depois as batidas mais dançantes. Estou pensando em produzir uma edição do Divas Fight Club apenas com k-pop", revelou, para a alegria dos fãs do ritmo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário